A nuvem exige novas habilidades de gestão

contato • fev. 05, 2021

Peter Drucker já afirmou na década de 60: “Profissionais são contratados por suas habilidades e demitidos pelo seu comportamento !”. Todos aqueles bons profissionais formados na esteira da microinformática, iniciada nos anos 80, aumentaram seu riscos de ficarem fora do mercado, neste momento, pela dificuldade em perceber e se adaptarem as novas habilidades necessárias e obrigatórias no novo mundo tecnológico da nuvem.

E a maioria destas novas habilidades não tem relação com o conhecimento técnico da nuvem, em si, mas sim com a mudança de hábitos e posturas dos líderes que atuam e agem sobre ambientes de TI tradicional.

Estamos vivendo, talvez, a maior onda de disrupção tecnológica, de toda a humanidade, no menor ciclo da história. É natural que o impacto sobre as pessoas seja forte e sem precedentes. Alguns demoram mais para perceber estas mudanças. E sempre tendo em mente, que a onda da nuvem, é a apenas, o pontapé inicial e base para esta aceleração da nova economia digital.

A resistência em admitir que a nuvem mudou as qualificações necessárias para a gestão de funções, tarefas e de pessoas é um dos maiores entraves para uma evolução rápida e positiva da carreira dos profissionais de TI e talvez por isso, outras áreas, de menor conhecimento técnico tecnológico, como marketing, inovação ou até mesmo recursos humanos ( que tende a mudar de nome também) poderão absorver partes ou até departamentos e áreas inteiras de TI, em breve, já que conseguem se apropriar, com mais ênfase, da linguagem de negócios e de resultados que as corporações ambicionam.

Vejam como a nuvem impacta habilidades de gestão costumeira que deveriam ser de simples compreensão e adaptação ao nosso dia a dia:


Gestão de consumo: uma grande maioria dos profissionais de tecnologia tem sérias dificuldades de gerenciar portais e informações presentes em dashboards ( alguns não conseguem gerenciar senhas corporativas por exemplo), tais como cálculo de consumo baseado em processamento, uso de memória, volume de dados trafegados, etc. Inclusive, uma grande parcela destes, não entende novos conceitos de uso ( presentes na telefonia celular há mais de 2 décadas) como aniversário de fatura/contrato, unidade monetária vinculada a minutos de uso, cálculos de faturas pró-rata, pois ativações de serviços na nuvem, podem ser feitas em qualquer dia da semana, em qualquer horário e o consumo será exatamente de acordo com o momento em que este ativar o recurso tecnológico dentro do seu ambiente cloud até o dia de fechamento da sua fatura de serviço. Vejam que usuários comuns entendem este conceito para uso de tv a cabo ou telefonia celular, mas muitos profissionais de TI resistem a compreender e aceitar que seus controles e métodos de gestão de consumo precisam se atualizar e a previsibilidade de ações de migração de sistemas legados ou customizações terão impactos em sua fatura mensal, com maior ou menor amplitude dependendo do seu planejamento e conhecimento da tecnologia adquirida. Já vejo muitas faturas explodirem no final do mês, porque um programador gerou famosos “loops” infinitos em aplicações que ficaram dias e noites consumindo banda, processamento e memória de servidores na nuvem sem que ninguém, absolutamente ninguém dentro da organização monitorasse ou tivesse uma ação pró-ativa de verificar o que estava acontecendo. Como ter sucesso na nuvem se esta gestão de controle e monitoramento não for realizada a seu favor ?


Gestão de fornecedores: é quase que natural que com a adoção da nuvem nas organizações, o número de fornecedores de infra-estrutura de tecnologia tende a cair e uma das estratégias será a unificação e centralização de mais atividades em poucos. Se esta é uma premissa, que tende a se confirmar, que nova habilidade deverá ser aprimorada ? a gestão da qualidade da entrega dos serviços, obviamente. Controles e cálculos de SLA ( service level agreement) serão uma constante em reuniões e litígios sobre penalizações, multas, indenizações aumentarão, também, de forma exponencial. Conflitos serão permanentes e paciência e caldo de galinha realmente não farão mal a ninguém. Então o tempo dos atuais gestores de TI deverá ser gasto, de forma mais produtiva, em escolher melhor seus fornecedores e prestadores de serviço, para garantir entregas dentro do prazo, dentro do custo e com a qualidade desejada do que viver preocupado em validar se o ERP está no ar, se os links de dados estão adequados ou se é necessário construir ou expandir para um novo datacenter. Esta época já ficou para trás, mas claro, há uma luta incansável de muitos para manterem seu poder e status quo, controlando recursos locais, baseado no seu poder local. Este pensamento vai resistir durante um tempo, mas será guilhotinado, na medida, em que a alta gestão perceba a velocidade com que o concorrente está e o que está fazendo para ser mais produtivo, dinâmico e eficiente. É natural que a resposta destas angústias das empresas em transformação, verse ou passe pela tecnologia e a sua forma de utilização dentro da empresa e quem estiver atrasado ou resistir a isso vai sofrer e muito. O conhecimento de ontem, em TI, talvez, não seja mais necessário hoje.


Gestão de contratos: Se teremos menos fornecedores, com mais serviços em menos parceiros, teremos contratos muito mais complexos do que atualmente. Infelizmente, os contratos não irão desaparecer. Eles ainda serão a base de tudo o que se queira fazer em TI. Teremos situações quase que impensáveis, onde empresas concorrentes, estarão em formato de consórcio ou parceria para poderem fornecer tecnologias complementares e otimais para uma solução de negócio ou problema de um cliente. Quanto tempo os gestores de tecnologia gastam, hoje, planejando, estudando, criticando uma contratação de prestação de serviços de TI ? Pouco para a importância que este assunto merece, pois delegam para áreas jurídicas que pouco sabem ou desconhecem totalmente o manancial de jargões técnicos e "pegadinhas de negócio" presentes em contratos de adesão de grandes players. O foco do gestor será muito mais de controle, observação, diligência e monitoramento de contratos do que aprofundamento em conhecimento técnicos ou de gestão de projetos. As equipes de TI serão reduzidas ao extremo ( aliás, já estão sendo ) e com poucos recursos, onde o grau de terceirização ou de BPO ( businesses process outsourcing) dentro das corporações será gigante e baseado, novamente em poucos parceiros. Porque empresas manteriam unidades de TI, quando a vocação do negócio é de produção fabril, baseados em processo acelerado de automação industrial ? o papel da TI não será de controlar esta infraestrutura, até porque existirão empresas enxutas, especializadas e simples que farão isso por todos. Então é recomendável, para os atuais gestores, buscarem muito mais conhecimento jurídico e de administração para poderem lidar com esta nova problemática. O conhecimento multidisciplinar será uma constante e obrigatória para profissionais de tecnologia. Só TI não basta. A linguagem dos negócios é mais importante. Um dos aspectos que mais deve desafiar os novos gestores de TI é a sua capacidade de saber negociar e lidar com objeções e conflitos. Pode parecer um tanto exótica a minha sugestão, mas praticar “oficinas” de teatro ou de aquisições, dentro das organizações será uma necessidade obrigatória deste novo ser humano gestor. Caso contrário, a inteligência artificial substituirá os gestores médios que executem tarefas repetidas e previsíveis. O que restará é a parte humana das relações. É onde estarão ou deverão estar os melhores profissionais.


Gestão da Inovação: Na teoria, gestores de TI são contratados para trazer para dentro de casa, a inovação, a disrupção, aquilo que pode mudar o negócio da empresa, tornando-a mais veloz, mais lucrativa e mais eficiente. Pelo menos é isso que o CEO ou Diretor Presidente deseja. Mas a realidade dura e crua é que o Gestor de TI não tem tempo para isso. Não porque ele não queira, simplesmente porque o modo tarefeiro e operacional de ser posterga a visão estratégica. Ele passa sua maior parte do tempo gerindo capacidade de servidores, links, suporte a usuários, mudanças, ativos, licenças, auditorias, customização do ERP, manutenção e substituição de equipamentos ( não é o ITIL que diz que ele deve ser assim ?) ou o humor das áreas de negócio que clamam por sistemas melhores e velocidade nos tempos de resposta. E a inovação disruptiva que faça a empresa embarcar na esteira da economia digital ? Quem faz ? é uma resposta que ainda está em aberto e que ainda pode ser alcançada pela TI, mas a janela está se fechando rapidamente a cada dia que passa e tende a ser incorporada como atividade do CMO ( Chief Marketing Officer) que é a pessoa mais estratégica da organização em tempos de crise, pois vendas e faturamento crescente garantem o emprego de muitos. A TI, segundo estes, é meio para alcançar o resultado e portanto operacional e pode ser facilmente contratada como serviço, na nuvem, E olha que eles, segundo alguns profissionais de tecnologia, não entendem de tecnologia. Já imaginou se entendessem ? Se os gestores de TI não assumirem este papel e trocarem sua mentalidade de visão operacional para visão estratégica, a tendência, é que outras áreas da organização assumam este papel e releguem a TI a um mero operador de logística de equipamentos e suporte a usuários de áreas de negócios impacientes com aplicações pouco customizadas aos seus processos. Para mudarem isso, precisam mudar dentro de si, a postura mental, a possibilidade de fazer o novo e a estratégia de serem pioneiros e propositivos no uso e aplicação de algumas novas tecnologias dentro da sua própria empresa. Para isso precisam melhorar, em muito, aspectos de liderança, motivação pessoal, ambição, capacidade de comunicação, networking, conhecimento, negociação, relacionamento inter-pessoal, paciência e flexibilidade. Se olharmos a quantidade de tecnologias disponíveis na nuvem atualmente, veremos que talvez, 30 a 40% dos atuais sistemas legados nas organizações são substituídos em um estalar de dedos. E quem vai ter coragem de propor esta mudança interna ? hoje, não me parece que seja a TI que é a área que possui mais medo da mudança porque pensa em COMO fazer. A área de negócio se preocupa com o resultado e não com o COMO. Por isso a TI perde espaço. Será um outro gestor, fora da área da TI que não tem nenhum compromisso com legados e prefere o crescimento à tradição e o aumento da lucratividade em detrimento a muitos parceiros de negócio que apontam o dedo um para o outro para darem desculpas pelo atraso ou pela não conclusão de um projeto que drena e sangra recursos todos os dias da empresa.


Gestão de pessoas: a nuvem traz conceitos novos, posturas novas, novas gerações. Exige muita agilidade, velocidade de compreensão do problema, benchmarking permanente de concorrentes e o uso massivo das grandes massas de dados que geram informações valiosas para tomadas de decisão. A alta gestão não deseja mais relatórios impressos ou telas de BI(business inteligence) complexas que exigem ainda uma segunda intrepretação de resultados. Funcionalidades abundantes em telas de software são desprezíveis para tomadores de decisão. Não é isso que motiva os novos consumidores de TI. A alta direção quer informações no seu smartwatch, comparação de “posts” dos concorrentes em redes sociais, usando inteligência artificial, abrindo incidentes automáticos no SAC da organização que serão atendidos por um chatbot e não mais por uma área de call center repleta de colaboradores. Como motivar equipes de desenvolvimento a não pedirem desligamento para irem trabalhar em startups ou gerir jovens que ingressam no mercado de trabalho com conhecimento mais qualificado que toda a sua equipe de programação junta, mas que é estável, integrada há mais de 10 anos e que resolvem todos os problemas de código do seu ERP ? Esta diversidade deverá tomar conta, cada vez mais, das organizações. O gestor de tecnologia vai enfrentar, diariamente, muitos conflitos entre equipes, irá ser questionado por outras áreas, mais do que hoje e vai receber muitas dúvidas de profissionais que não sabem o que fazer com as suas carreiras, que rumo tomar, se fazem ou não fazem um MBA, etc. Uma das grandes habilidades será ouvir sua equipe, motivá-los, fazer perguntas certas, desenvolver conhecimento de coaching, pois o turn-over tende a aumentar gradativamente neste novo mundo cloud. É muito fácil para um profissional de TI, trabalhar de casa, do aeroporto, do posto de gasolina. Como você vai querer que a sua equipe cumpra horários fixos, rígidos se eles são mais produtivos fora do ambiente da organização ? conflitos certos e óbvios. A diferença estará na capacidade do gestor em ser flexível, sem ser demagogo e ter profissionais engajados e produtivos naquilo que gostam de fazer e que produzam resultados adequados para o propósito da sua organização sem que haja conflitos de gerações, de opiniões ou de comportamentos.


Você entende que existem outras habilidades necessária para os novos gestores não pontuadas aqui ?


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